Uma paciente de 27 anos, de São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, voltou a ter os sintomas da Covid-19 cerca de três meses depois de ter tido a doença detectada pela primeira vez. A informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde do Município. A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), ciente do caso, disse que não há evidências científicas atualmente para reinfecção e que os estudos indicam para a possibilidade de resquícios de "fragmentos virais".
Segundo a secretaria de saúde do município, a paciente testou positivo pela primeira vez em um exame RT-PCR no dia 24 de março - o exame foi colhido em uma Unidade Básica de Saúde de São Gonçalo do Amarante. Ao sentir novamente os sintomas da Covid-19 em junho, ela fez novo RT-PCR no dia 24 e mais uma vez o resultado foi positivo.
No dia 30 de junho, então, a paciente fez o exame de sorologia na rede privada e foi detectado que ela não possuía os anticorpos da doença. O mais recente, no dia 10 de julho, atestou que ela tem os anticorpos.
"No mês de março, logo nos primeiros casos confirmados, ela fez o Swab (RT-PCR) e foi positivo. A princípio, ela teve sintomas leves. Não é uma pessoa que tem comorbidade nenhuma, até pela idade, é bastante jovem. E novamente, no fim de junho, ela voltou com os sintomas mais avançados e novamente fez o teste do Swab, que mais uma vez foi positivo", contou o secretário de saúde de São Gonçalo do Amarante, Jalmir Simões.
"Primeiro, ela apresentou sintomas leves, foi atendida na nossa Unidade Básica de Saúde do Município, onde foi feito todo o procedimento, com as orientações médicas, e o teste RT-PCR, que deu positivo. Em seguida, ela voltou a apresentar alguns sintomas, mais agravados, como a dor de garganta, cefaléia, perda do olfato e paladar", falou Adna Cunha, coordenadora de epidemiologia de São Gonçalo do Amarante.
A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) confirmou que outros casos também deram positivos em mais de um exame no estado, mas em tipos de testes diferentes. Quatro tiverem reincidência após colher o RT-PCR primeiramente e depois fazer a sorologia, que detecta uma resposta imunológica à primeira infecção. E dois pacientes deram positivo, em dois momentos distintos, com apenas um tipo de teste: o RT-PCR, que capta a infecção no momento da doença.
"É sabido, especialistas já falam sobre isso, que é uma possibilidade de serem fragmentos virais. Então, um certo resíduo que fica na orofaringe, que é o local de coleta desse material de exame", falou Alessandra Lucchesi, subcoordenadora de vigilância epidemiológica do RN.
A subcoordenadora explicou ainda que não há evidências científicas sobre uma possível reinfecção pelo coronavírus. "O primeiro passo é observar uma evidência científica a respeito do tempo que se dispõe da imunidade ao Sars-Cov-2 após uma primeira infecção e isso infelizmente ainda não temos evidência científica para o prazo dessa imunidade".
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia do RN, Igor Queiroz, esse tipo de situação ainda é visto como incerto e os possíveis casos de suspeitos de reinfecção são raros.
"Quadros de (suspeitos) de reinfecção pelo Covid-19 são muito raros. Uma pessoa que se cura da doença, ela fica por um certo período de forma assintomática, mas a gente ainda não tem muita certeza, são poucos estudos que mostram algo em relação a isso. O que a gente vê é que após a infecção, o indivíduo pode desenvolver um certo tipo de imunidade celular ou humoral, que ela pode levar a uma certa proteção. Mas ainda é muito incerta quando a gente vê o tempo de proteção, o quanto ele vai ficar protegido em relação à Covid-19". G1RN