Criminosos se passaram por pesquisadores do Ministério da Saúde para aplicar um golpe e roubar contas de Whatsapp de potiguares. O crime não para por aí. Ao ter acesso ao aplicativo, os golpistas se passam pela vítima e pedem dinheiro a conhecidos, que podem se tornar novas vítimas.
Esse é mais um entre golpes cibernéticos que vêm sendo investigados pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte, que alerta para cuidados na hora de atender a uma pesquisa ou realizar compras pela internet, por exemplo.
A jornalista Michelle Rincon foi uma das pessoas que caíram no golpe, na segunda-feira (18). De acordo com ela, uma pessoa ligou se passando por um pesquisador, que faria perguntas para um estudo que posteriormente seria publicado no site do Ministério da Saúde.
Os criminosos fizeram cinco perguntas rápidas, relativas ao coronavírus. Para finalizar a conversa, no entanto, solicitaram números que seriam enviados por SMS para validar a pesquisa. No entanto, o número que chegou era o código de segurança do aplicativo Whatsapp para mudança de telefone.
"Eram cinco perguntas. Depois me pediram uns números para validação da pesquisa, enviados por SMS. Eu displicentemente dei e caí no golpe. Me achando tão precavida e sabida, caí no golpe do Whatsapp", contou.
Michelle ainda usou as redes sociais para informar o caso a amigos, porém, não foi o suficiente para impedir a segunda etapa do golpe. Os criminosos entraram em contato com um amiga dela se passando pela jornalista. No intuito de ajudá-la, a vítima repassou quase R$ 3 mil para uma conta informada pelos criminosos.
Caso semelhante
Dias antes, o também jornalista Thiago César recebeu uma ligação semelhante, de um número do Rio de Janeiro. "Ele (o golpista) fez perguntas bem críveis, sobre estado de saúde, sobre realização de testagem, se tinha tido sintoma, se já tinha testado positivo para Covid. Desenvolveu perguntas nessa linha, descreveu sintomas e perguntou se tive algum nas semanas anteriores", contou.
No final da conversa, o golpista afirmou que enviaria um protocolo por SMS e precisaria desse número para concluir a pesquisa.
"Encontrei uma mensagem. Olhei rapidamente, porque estava fazendo outras coisas na hora, vi que o número tinha apenas 4 dígitos e acabei dizendo. Achei estranho, porque um protocolo geralmente não é tão curto. Voltei para a mensagem e vi que era uma mensagem em outro idioma e que era para mudança de aparelho do Whatsapp", disse.
Também já era tarde, o golpista já tinha usado o número para ter acesso ao Whatsapp de Thiago. Felizmente, o jornalista afirmou que ninguém enviou dinheiro para os golpistas. "Falei logo para os meus pais e informei nas redes sociais".
Investigação
Nos dois casos, as vítimas afirmaram que ainda fariam o registro da ocorrência na Polícia Civil. Para o delegado Marcuse Cabral, titular da Delegacia de Defraudações, a medida é muito importante para que os investigadores possam ter conhecimento da quantidade de casos e o modo de ação dos criminosos, com objetivo de prendê-los.
Porém, quando se trata desses golpes "menores", a investigação é descentralizada. A Delegacia de Defraudações só atende casos cujos valores ultrapassem 30 salários mínimos - equivalentes atualmente a cerca de R$ 30 mil. Nas demais ocorrências, as investigações ficam a cargo das delegacias distritais, ou seja, dos bairros onde as vítimas moram.
O G1 solicitou dados sobre a quantidade de denúncias desse tipo formalizadas na Polícia Civil, mas não recebeu os números.
O delegado Marcuse aponta que são pelo menos dois crimes praticados nos casos citados. "O golpe do Whatsapp é o meio. É um crime de fraude com objetivo de se praticar outro crime que é o estelionato, quando ele engana outra pessoa para receber o dinheiro", aponta.
Um dos problemas apontados pelo delegado é que, além de terem uma investigação complexa, os golpes possuem penas brandas. A clonagem de um aplicativo, por exemplo, tem uma pena inferior a um ano e, portanto, o golpista sequer ficaria preso, ao ser detido.
Por isso o delegado diz que o melhor é a prevenção. No caso do Whatsapp, por exemplo, ele recomenda a autenticação de dois fatores, que além do código no SMS, exigiria uma senha definida pelo usuário.
Além disso, o delegado recomenda que as pessoas se certifiquem de que a pesquisa é verdadeira. "Se estiver em dúvida, é melhor não responder, ou responder depois. Ninguém é obrigado a participar de pesquisa alguma", disse.
Para se certificar se a pesquisa é verdadeira, o investigador sugere que as pessoas perguntem onde elas podem ter acesso a mais informações sobre aquela pesquisa, quem são seus coordenadores, procurar pelo assunto no site vinculado à instituição citada, por exemplo. Além disso, é importante evitar clicar em links desconhecidos e ler as mensagens enviadas por SMS, antes de tomar qualquer atitude. G1RN
Esse é mais um entre golpes cibernéticos que vêm sendo investigados pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte, que alerta para cuidados na hora de atender a uma pesquisa ou realizar compras pela internet, por exemplo.
A jornalista Michelle Rincon foi uma das pessoas que caíram no golpe, na segunda-feira (18). De acordo com ela, uma pessoa ligou se passando por um pesquisador, que faria perguntas para um estudo que posteriormente seria publicado no site do Ministério da Saúde.
Os criminosos fizeram cinco perguntas rápidas, relativas ao coronavírus. Para finalizar a conversa, no entanto, solicitaram números que seriam enviados por SMS para validar a pesquisa. No entanto, o número que chegou era o código de segurança do aplicativo Whatsapp para mudança de telefone.
"Eram cinco perguntas. Depois me pediram uns números para validação da pesquisa, enviados por SMS. Eu displicentemente dei e caí no golpe. Me achando tão precavida e sabida, caí no golpe do Whatsapp", contou.
Michelle ainda usou as redes sociais para informar o caso a amigos, porém, não foi o suficiente para impedir a segunda etapa do golpe. Os criminosos entraram em contato com um amiga dela se passando pela jornalista. No intuito de ajudá-la, a vítima repassou quase R$ 3 mil para uma conta informada pelos criminosos.
Caso semelhante
Dias antes, o também jornalista Thiago César recebeu uma ligação semelhante, de um número do Rio de Janeiro. "Ele (o golpista) fez perguntas bem críveis, sobre estado de saúde, sobre realização de testagem, se tinha tido sintoma, se já tinha testado positivo para Covid. Desenvolveu perguntas nessa linha, descreveu sintomas e perguntou se tive algum nas semanas anteriores", contou.
No final da conversa, o golpista afirmou que enviaria um protocolo por SMS e precisaria desse número para concluir a pesquisa.
"Encontrei uma mensagem. Olhei rapidamente, porque estava fazendo outras coisas na hora, vi que o número tinha apenas 4 dígitos e acabei dizendo. Achei estranho, porque um protocolo geralmente não é tão curto. Voltei para a mensagem e vi que era uma mensagem em outro idioma e que era para mudança de aparelho do Whatsapp", disse.
Também já era tarde, o golpista já tinha usado o número para ter acesso ao Whatsapp de Thiago. Felizmente, o jornalista afirmou que ninguém enviou dinheiro para os golpistas. "Falei logo para os meus pais e informei nas redes sociais".
Investigação
Nos dois casos, as vítimas afirmaram que ainda fariam o registro da ocorrência na Polícia Civil. Para o delegado Marcuse Cabral, titular da Delegacia de Defraudações, a medida é muito importante para que os investigadores possam ter conhecimento da quantidade de casos e o modo de ação dos criminosos, com objetivo de prendê-los.
Porém, quando se trata desses golpes "menores", a investigação é descentralizada. A Delegacia de Defraudações só atende casos cujos valores ultrapassem 30 salários mínimos - equivalentes atualmente a cerca de R$ 30 mil. Nas demais ocorrências, as investigações ficam a cargo das delegacias distritais, ou seja, dos bairros onde as vítimas moram.
O G1 solicitou dados sobre a quantidade de denúncias desse tipo formalizadas na Polícia Civil, mas não recebeu os números.
O delegado Marcuse aponta que são pelo menos dois crimes praticados nos casos citados. "O golpe do Whatsapp é o meio. É um crime de fraude com objetivo de se praticar outro crime que é o estelionato, quando ele engana outra pessoa para receber o dinheiro", aponta.
Um dos problemas apontados pelo delegado é que, além de terem uma investigação complexa, os golpes possuem penas brandas. A clonagem de um aplicativo, por exemplo, tem uma pena inferior a um ano e, portanto, o golpista sequer ficaria preso, ao ser detido.
Por isso o delegado diz que o melhor é a prevenção. No caso do Whatsapp, por exemplo, ele recomenda a autenticação de dois fatores, que além do código no SMS, exigiria uma senha definida pelo usuário.
Além disso, o delegado recomenda que as pessoas se certifiquem de que a pesquisa é verdadeira. "Se estiver em dúvida, é melhor não responder, ou responder depois. Ninguém é obrigado a participar de pesquisa alguma", disse.
Para se certificar se a pesquisa é verdadeira, o investigador sugere que as pessoas perguntem onde elas podem ter acesso a mais informações sobre aquela pesquisa, quem são seus coordenadores, procurar pelo assunto no site vinculado à instituição citada, por exemplo. Além disso, é importante evitar clicar em links desconhecidos e ler as mensagens enviadas por SMS, antes de tomar qualquer atitude. G1RN