LULA E LEWANDOWSKI DIVERGEM SOBRE FUGA NA PENITENCIÁRIA FEDERAL DE MOSSORÓ

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, divergiram em declarações sobre a fuga na Penitenciária Federal de Mossoró. Enquanto o chefe da pasta se mostrou mais comedido em relação às responsabilidades, o presidente, mesmo querendo amenizar, disse que deve ter ocorrido facilitação para a saída dos presos.

"Eu não quero acusar, mas, teoricamente, parece que teve a conivência com alguém do sistema lá dentro. Como eu não posso acusar ninguém, eu sou obrigado a acreditar que uma investigação que está sendo feita nos indique o que aconteceu no presídio de Mossoró. Isso significa que pode ter havido relaxamento. Nós queremos saber de quem", afirmou Lula.

Por outro lado, o ministro foi mais contido em sua declaração. "Enquanto as investigações não terminarem, seja a investigação que está sendo feita em âmbito administrativo seja a que está no âmbito policial, nós não podemos afirmar que houve conivência de quem quer que seja. Claro que todas as hipóteses estão sendo investigadas", disse Lewandowski.

Ele ainda pontuou que as investigações devem ouvir várias pessoas, incluindo quem estava trabalhando no momento da fuga. Segundo o Ministério da Justiça, em informação repassada ao PORTAL DA TROPICAL, os agentes não foram afastados, apesar da substituição na direção do presídio. "Além das perícias físicas, nas celas e no entorno do presídio, nós temos que interrogar os servidores da casa, os policiais penais federais, aqueles trabalhadores que estavam envolvidos na reforma do presídio, eventualmente as pessoas que vivem no entorno", acrescentou.

Dificuldades nas buscas

Na coletiva realizada na tarde desse domingo (18), direto de Mossoró, o ministro falou sobre as dificuldades nas buscas. "O terreno é complexo do ponto de vista das buscas, porque é basicamente coberto por matas. É uma zona rural, é uma área extensa. Além das rodovias que estão sendo muito bem monitoradas, existem vias viscinais. Isso complica um pouco a busca. Existem casas esparsas nessa zona rural. Portanto é um trabalho complexo. Não temos prazo. Estamos enviando todos os esforços", relatou.

"Pelas fotos áreas e pelos mapas apresentados, é uma região que tem grutas, onde as pessoas podem se esconder. Quando alguém se esconde em uma gruta, os sensores térmicos têm dificuldade de indicar a presença de humanos", afirmou.

O ministro também garantiu que as forças de segurança também estão preocupadas com a segurança da população. "Estamos também muito preocupados com a segurança da população. Não apenas com a captura da população. Queremos garantir a segurança da população do entorno, que está legitimamente assustada com o que houve", comentou.

Correções

O secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, garantiu que soluções para os problemas encontrados na Penitenciária Federal de Mossoró também estão sendo tomadas. "Estamos fazendo um trabalho intensivo de retomada de todos os procedimentos de segurança, estrutural. Fizemos ao mesmo tempo, aproveitando o processo em Mossoró, uma revisão geral de todas as unidades do sistema penitenciário federal, de modo que a realidade de algumas questões que nós encontramos não é mais a mesma", destacou.

Em se tratando especificamente de Mossoró, Garcia garantiu não haver mais problemas e que novas fugas não vão se repetir. "A unidade está completamente segura e podemos ter a tranquilidade de voltarmos nossas energias para a captura. Não vamos dar mais oportunidade para que uma situação dessa volte a repetir", concluiu.

Lewandowski endossou o posicionamento do secretário. "Enquanto nós estamos apurando, as correções estão sendo feitas. As possíveis falhas já estão corrigidas de maneira que o presídio voltou a ser um presídio absolutamente seguro e apto a custodiar os detentos que lá se encontrar. Já foi iniciada uma varredura, uma identificação de possíveis fragilidades que, penso eu, inexistem nos demais presídios, mas as eventuais falhas já estão sendo corrigidas", encerrou. Portal Tropical