Sete pessoas foram presas durante a Operação Caronte, deflagrada pela Polícia Civil nas primeiras horas desta quinta-feira (16). Entre eles, está um policial militar lotado no 4º batalhão, responsável pela cobertura da zona Norte de Natal. Além disso, um policial civil e um policial penal foram alvos de busca. A Polícia Militar e a Polícia Civil ainda não se pronunciaram sobre as ações contra os membros. A Secretaria de Administração Penitenciária, por sua vez, explicou que o policial penal já estava afastado das funções por problemas de saúde. A pasta pontuou ainda que a arma institucional já havia sido recolhida anteriormente.
Os sete presos estão ligados a um grupo de extermínio responsável por mais de 40 assassinatos em 2023. Além do policial militar preso, a ação resultou na prisão de Alessandro Brito do Nascimento Filho, conhecido como "Mexicano", de 30 anos, em Extremoz. Ao todo, 33 mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão foram cumpridos em bairros da Zona Norte de Natal e no município de Extremoz.
De acordo com as investigações da Polícia Civil, foi notado ao longo do ano de 2023 uma série de coincidências quanto aos crimes de homicídios ocorridos na cidade de Natal, especialmente na Zona Norte, e em cidades da Região Metropolitana, como São Gonçalo do Amarante, Ceará-Mirim e Extremoz. Os fatos coincidentes eram referentes à forma de execução dos crimes, veículos empregados, tipo de armamento usado e entre outras características.
Através do trabalho em conjunto com o Setor de Perícias de Balística Forense do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep/RN), as suspeitas da existência de um grupo armado suspeito da prática de homicídios na região se confirmaram, quando sistematicamente os confrontos balísticos entre os crimes investigados trouxeram resultados positivos. Ainda segundo a DHPP, foram identificados 41 homicídios em um espaço de apenas seis meses. Os crimes foram praticados com as mesmas armas de fogo e aconteceram nas cidades de Natal, São Gonçalo do Amarante e Extremoz.
Com a possibilidade da existência de um "grupo de extermínio", foi instaurado um Inquérito Policial para apurar os crimes. Com o auxílio da Ficco/RN, foi identificada a atuação de uma milícia armada, inclusive com a participação de membros das forças de Segurança Pública. Os investigados usavam uma rede de informantes, incluindo agentes de segurança para identificar os alvos, que eram escolhidos com base no retorno financeiro ou para manter o controle de uma certa região que interessava ao grupo. Escolhido o alvo, os integrantes do grupo buscavam seus aliados nas forças de segurança para afastar as viaturas da área e realizavam a ação criminosa.
Dessa forma, os suspeitos invadiam as residências dos alvos, muitas vezes identificando-se como policiais e passavam a revistar os imóveis subtraindo os itens de valor e depois executavam as vítimas. Após os homicídios, os investigados repassavam drogas e armas para o terceiro núcleo do grupo criminoso, que ficava responsável por vender as armas e as drogas.
Foi identificado no curso do Inquérito Policial que ao menos duas das armas vendidas pelo grupo foram apreendidas durante prática de crimes de roubo e homicídios por membros de uma facção criminosa. Além dos assassinatos, o grupo também praticava extorsão, subtraindo drogas de criminosos apenas para revendê-las, mantendo o controle do tráfico de drogas na região.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, a Polícia Civil apreendeu um carro blindado, uma motocicleta de luxo, 20 quilos de cocaína, seis armas de fogo e diversas munições. Portal Tropical