A ex-prefeita de João Dias, Damária Jácome, foi apontada pela Polícia Civil como uma das mandantes dos homicídios do prefeito da cidade, Marcelo Oliveira, e do pai dele, Sandi Alves de Oliveira, em 27 de agosto deste ano. Os detalhes da conclusão do inquérito foram divulgados nesta sexta-feira (27). Segundo as investigações, Damária está foragida. A irmã dela, a vereadora Leidiane Jácome, também foi apontada como participante do planejamento do crime. A parlamentar está foragida.
Durante a operação deflagrada nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira, um homem foi preso em João Dias. Segundo a Polícia Civil, ele é um pastor e apontou a localização das vítimas no dia do crime. O delegado Alex Wagner detalhou ainda que havia um planejamento para Marcelo Oliveira ser morto durante um culto.
"A gente pegou conversas entre eles minutos antes do crime, dizendo onde o prefeito estava. Chegaram a cogitar executar o prefeito dentro do culto que ele frequentava, porque ele estaria exposto. Em casa, ele estava seguro, tinha pelo menos 10 pessoas fazendo a segurança armada. Em um dos momentos de vulnerabilidade, seria no culto", revelou o investigador.
Na operação desta sexta-feira, nomeada Profanos, seis mandados de prisão foram expedidos. Um dos alvos é um homem conhecido como "Véio", considerado de alta periculosidade. "Além de participar da executação, ele também arregimentou as equipes para executar o homicídio. Ele e mais seis. Ele trouxe de algumas cidades do RN, juntou todos em Pau dos Ferros e saiu para cometer o homícidio", disse o delegado.
Damária Jácome é considerada de alta periculosidade e investigada pela Polícia Civil desde 2020. Dois irmãos dela morreram em confronto com a polícia, enquanto outro foi preso. O delegado falou sobre o que pode ter motivado o assassinato de Marcelo Oliveira.
"Ele era prefeito e sua vice era Damária Jácome. Há quatro anos, eles foram candidatos do mesmo lado político. Ele como prefeito e ela, vice. Marcelo foi eleito, mas pediu afastamento pouco tempo depois. Aí, a Damária assumiu. Tempos depois, Marcelo volta e diz que renunciou porque tinha sido extorquido. Ele voltou ao cargo e isso gerou cisão política e pessoal", afirmou.
"Ao longo desse tempo, alguns irmãos da Damária foram mortos em confronto com a polícia, eles tinham mandado por tráfico internacional de drogas e um outro irmão foi preso. Eles começaram imputar ao Marcelo que estaria entregando a localização dessas pessoas. Também houve apreensão de um fuzil em João Dias, que também se imputou que Marcelo que teria entregado. Recentemente, uma nova disputa política. Os dois se enfrentando. Todo esse histórico de desavença gerou esse homicídio", completou Alex Wagner.
Após a morte dele, a candidatura à Prefeitura de João Dias foi assumida pela esposa dele, Fatinha de Marcelo. Com 64,84% (1.818 votos), ela foi eleita prefeita derrotando a própria Damária Jácome, que teve 20,81% (566 votos).
A Polícia Civil identificou ainda que o prefeito assassinado estava ligado a uma milícia armada, suspeita por crimes na região do Alto Oeste Potiguar. "Tanto que no dia da morte do prefeito, 10 pessoas foram presas com 14 armas de fogo. Era esse aparato que ele utilizava para se proteger. Mas além disso a gente suspeita que essa milícia privada cometesse alguns crimes em Serrinha dos Pintos e Olho d'Água do Borges", acrescentou. Portal Tropical