“Eu estou pedindo exoneração do meu cargo por medo mesmo, medo da violência, medo da postura de vocês. Eu estou com muito medo e faço um pedido: procurem mais viver a vida de vocês sem violência, sem ameaças, porque hoje vocês acabaram com o meu trabalho”, disse a diretora em vídeo divulgado nas redes sociais.
Apesar de ter afirmado em outro vídeo que não iria “deixar de realizar o trabalho”, Maria Pereira se despediu do cargo de diretora por questões de segurança e afirmou: “Pela primeira vez na história, o medo venceu a esperança. Eu tinha esperança de terminar o meu mandato, eu tinha esperança de continuar fazendo o meu trabalho, que eu faço com muita dignidade e responsabilidade, mas vocês acabaram com ele”.
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte promulgou, em 17 de janeiro do ano passado, a Lei Nº 11.674, que proíbe o uso de smartphones durante o horário de aula nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio do estado.
De acordo com o texto, a utilização do aparelho será permitida somente para fins pedagógicos, sob orientação e supervisão do profissional de ensino.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN (SINTE) emitiu nota de apoio à professora Maria Pereira após sofrer ameaças de alunos e pais contra o uso de celulares em escola de São José de Mipibu, na Grande Natal. Além disso, a organização cobra uma investigação rigorosa para identificar os responsáveis pelas ameaças.
“Maria Pereira lidera a maior escola da Rede Estadual em São José de Mipibu, atendendo mais de mil estudantes com dedicação e compromisso. No exercício de sua função, ela tem a responsabilidade de assegurar o cumprimento das normas educacionais, sempre pautada na legislação vigente.”
“Diante das ameaças, a diretora precisou registrar um boletim de ocorrência para garantir sua segurança. O SINTE-RN confia na atuação das autoridades e cobra uma investigação rigorosa para que os responsáveis sejam identificados e medidas cabíveis sejam tomadas. A escola deve ser um ambiente de respeito, aprendizado e crescimento, e qualquer forma de intimidação contra profissionais da educação deve ser firmemente combatida.” Tribuna do Norte
